Ouçamos sua prece:
Dá-me sabedoria e conhecimento para governar com competência. Porque quem seria capaz de dirigir sozinho uma nação tão grande como esta? (1 Crônicas 1.10)
Outra versão, um pouco diferente, diz:
Portanto, dá-me sabedoria para que eu possa governar o teu povo com justiça e saber a diferença entre o bem e o mal. Se não for assim, como é que eu poderei governar este teu grande povo? (1 Reis 3.9)
E o Senhor o atendeu prontamente! Salomão recebeu uma boa porção da sabedoria divina para governar bem o seu povo, pois, afinal de contas, Deus dá sabedoria a todos quantos a pedem. Não por acaso, Salomão tornou-se o ícone de homem sábio, sem exagerar, podemos dizer, o maior deles. Tanto que as pessoas vinham de longe para ouvir de sua sapiência. Um bom começo de governo com uma bela oração!
Não tenho dúvidas de que o Senhor na sua infinita misericórdia e graça há de atender o pedido de Magno Malta dando sabedoria ao Presidente eleito, porquanto, nas palavras do Apóstolo Tiago, Deus dá sabedoria, com abundância e alegria, a quem não a possui e a pede com sinceridade. (Tiago 1.5)
Entretanto, a trajetória do Sábio Salomão à frente de seu povo não terminou bem. Foi um total fracasso, um governo desastroso. E por quê?
Porque Salomão fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; e não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi, seu pai. […] Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão; porquanto desviara o seu coração do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera. (1 Reis 11. 6 e 9)
O homem que pedira sabedoria a Deus, e a recebera em abundância, perdeu o rumo, perdeu a mão, perdeu o temor, só não a sabedoria. Ninguém duvida da sabedoria de Salomão. Mas o que ele fez com a sabedoria e conhecimento que o Senhor lhe deu?
Qualquer de nós pode ler que o grande e sábio rei de Israel usou sua sabedoria em favor de si mesmo, de sua família, de seus projetos e dos seus aliados políticos.
O mau uso que Salomão fez da sabedoria que recebeu do Senhor se expressou em muitas atitudes equivocadas, entre elas, cito as seguintes: ele estabeleceu 12 distritos que eram responsáveis por alimentar a corte durante os 12 meses do ano, aumentando demasiadamente o peso da contribuição, do campo, sobretudo, no sustento do palácio e da casa real (1 Reis 4.7); ele impôs trabalhos forçados sobre o povo, trabalho compulsório para suas construções, seu exército, suas guerras (1 Reis 5.27 e 11.28); ele escolheu viver uma vida de opulência, o que exigiu pesada tributação do povo; ele engajou-se em seus empreendimentos de guerra, fortificações, esquadra etc, o que endividou a nação e custou muitos territórios como forma de pagamento (1 Reis 9.11). E não para por ai. Leia a história completa das realizações e da vida do Rei.
O resumo dessa dura opressão que Salomão impôs sobre o seu povo pode ser visto no apelo dos que viveram essa opressão:
Disseram a Roboão, filho de Salomão: Teu pai tornou pesado nosso jugo; agora, alivia a dura servidão de teu pai e o pesado jugo que ele nos impôs. (1 Reis 12.4).
Aqui vale o dito, por muitos atribuído ao próprio Salomão, de que sob um governo opressor, o povo geme, como afirma o livro de Provérbios.
Pedir em oração sabedoria do alto para governar nossa nação é uma atitude de humildade e dependência que deve ser louvada por todos aqueles que creem.
Agora, o que o Presidente vai fazer com essa sabedoria recebida dos altos céus é uma questão de escolha política. A favor de quem ele vai usar essa sabedoria divina? É essa escolha que mostrará o quanto ele estará, ou não, alinhado com a vontade de Deus ou, pelo contrário, com os conchavos políticos.
A oração de Magno Malta pedindo sabedoria ao Senhor para o Presidente eleito terá resposta positiva de Deus, certamente. E o que o Presidente eleito fará com essa sabedoria é que determinará se teremos um governo sábio e justo, que sabe diferenciar o bem do mal e fazer justiça ao povo, ou um governo opressor, de pesado jugo com um final lastimável e desastroso, tal qual o do Rei Salomão.
É esperar para ver!